17 de abr. de 2011

ATUALIDADE DE PAULO FREIRE - LIVROS PARA DOWNLOAD(FREIRE)

Atualidade de Paulo Freire na Educação Profissional, Tecnológica e de Jovens e Adultos



“Uma visão de alfabetização que vai além do ba,be,bi,bo,bu. Porque implica
uma compreensão crítica da realidade social, política e econômica na qual
está o alfabetizando... a alfabetização é mais, muito mais que ler e escrever.
É a habilidade de ler e escrever o mundo, é a habilidade de continuar
aprendendo e é a chave da porta do conhecimento”
                                                                                                      
                                                                                      Paulo Freire

  
Refletir sobre a atualidade de Paulo Freire é muito interessante e ao mesmo tempo um assunto atual e tão importante para a compreensão dos indivíduos, da sociedade, do processo educativo e também por poder contribuir enormemente para o desenvolvimento de processos educativos alternativos, construtivos e constitutivos.
O assunto é desafiante, é a possibilidade de refletir sobre a realidade educacional, para uma melhor compreensão, na perspectiva da ressignificação das relações, inclusive pedagógicas e construir uma nova perspectiva de organização da sociedade.
Conhecer os pensamentos de Paulo Freire já é um grande desafio, pensar em praticar a proposta pedagógica, por ele elaborada é um desafio e de uma atualidade incomum e ao mesmo tempo comprometedora.
Iniciando a reflexão buscarei contextualizar, partindo da compreensão dos paradigmas atuais no contexto educacional, apontando para a compreensão do pensamento Freireano dentro da perspectiva da compreensão da atualidade com seus medos e inseguranças, dentre elas o desemprego, onde as mudanças rápidas exigem novas formas de ser, estar e viver hoje.
Para contextualizar e aprofundar a compreensão desta realidade, Paulo Freire nos aponta para as possibilidades das relações serem diferentes a partir do espaço da escola. Ele afirma que o educador necessita do educando, bem como o educando necessita do educador. Cada um deles tem tarefas especificas, mas ambos se educam nesta relação, que não é de igualdade, mas o educador tem que ensinar e o educando tem que aprender. Paulo Freire aponta para um questionamento fundamental que é a maneira como se estabelece esta relação, que seja uma prática democrática, ele aponta para a questão primordial que o educador tem que partir de onde o educando está, ou seja, partir do nível de conhecimento, cultura, para ter a possibilidade de avançar.
A metodologia de Paulo Freire envolve uma filosofia da Educação do diálogo, sendo não somente um método de alfabetização, mas mais do que isso vai ajudar as pessoas a ler e escrever, mas vai muito além a sua proposição, sua metodologia vai ajudar as pessoas a se posicionarem socialmente, compreender a questão das relações de poder.
A sua metodologia está a serviço da conscientização despertando para a possibilidade das potencialidades de reflexão e ação. Outra questão importantíssima é a proposta de mudança de currículo da escola, entendido como a totalidade da vida que existe, não só dentro da escola, mas em toda a sociedade.
Uma das características da metodologia de Freire é a ação do ser humano no e sobre o mundo que se constrói o conhecimento, onde a partir dos conteúdos os educandos são desafiados a pensar e a refletir, apontando para a possibilidade de impedir as copias e repetições, memorizações. Paulo Freire apontou para a possibilidade de que é fazendo e pensando sobre o que se faz e fez que aprendemos. O dialogo para Freire ajuda no desenvolvimento da consciência critica e participação na sociedade e fundamental na relação entre o alfabetizador e educando. Exige esforço, empenho, participação verdadeira de todos no processo de aprendizagem, onde os alfabetizandos são desafiados e estimulados a desenvolver a observação, na perspectiva da construção de conclusões, mesmo que provisórias, enfim o dialogo como fundamental instrumento para se construir o conhecimento.
A atualidade de Paulo Freire é um aspecto fundamental, no sentido de que é possível realizar uma pratica pedagógica, como ponto de partida de um processo de construção do conhecimento libertador, considerando o contexto econômico-politico-social excludente, especialmente diante do processo de globalização aprimorar a proposta de Freire caracterizada pela sua abordagem pedagógica libertadora, onde o criar e recriar coletivamente as leituras de mundo, apontando assim a possibilidade de libertação dos oprimidos e opressores de práticas desumanas, onde educador e educando vão se comprometendo com a transformação da realidade antiética e injusta. A sua pedagogia aponta para a sabedoria de entender e enfrentar os problemas da realidade, resolver com singularidade as coisas obvias de cada dia, valorizando e partindo do senso comum, como ponto de partida para a construção do conhecimento científico-político-filosófico.

O DIALOGO COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA, SUPERANDO A INDISCIPLINA

Como acontece de modo geral a prática pedagógica em sala de aula e como acontecem as relações interpessoais no ambiente escolar hoje?
Com certeza Paulo Freire nos ajuda a encontrar a solução, ou seja, no seu livro a “Pedagogia do Oprimido” vai nos ajudar a solucionar uma das grandes dificuldades que a questão da indisciplina, como uma das principais causas do fracasso escolar. Aponta que é possível superar a educação bancaria ainda muito forte em nossas escolas. Como superar esta concepção? Paulo Freire acredita e propõe a construção do conhecimento a partir do ser humano como sujeito histórico. Faz a critica da concepção bancaria, justamente em razão de ser ela opressora, que tem por objetivo de disciplinar os que fazem parte do processo ensino-aprendizagem, contribuindo para a manutenção do “status quo”, também por ser uma pratica antidialógica, impedindo os educandos a se manifestarem de acordo com o contexto social em que vivem é fundamental no processo de construção da possibilidade de transformação.
Freire propõe uma educação problematizadora, dialógica que busca eliminar a dicotomia entre educador e educandos, apontando para uma perspectiva de organização social mais justa, solidária, práxis transformadora do mundo, enfim da realização do ser mais humano, a partir da escola. Paulo em síntese nos ajuda a compreender a diferença fundamental que existe entre educação bancária que basicamente atua na transmissão de conhecimentos de forma autoritária e unilateral e a educação problematizadora e dialógica que busca a produção do conhecimento entre os sujeitos, onde todos os envolvidos são sujeitos co-participantes, construindo sujeitos históricos junto com o conhecimento.
A conscientização é, portanto um processo que orienta para o desenvolvimento da consciência democrática, da sensibilidade emancipatória em busca de um conhecimento libertador onde as pessoas se sentem e se constituem como autores, sujeitos. Estes aspectos são de fundamental importância na sociedade em que vivemos hoje.
Como vimos a concepção de educação de Paulo Freire é entendida como processo de transformação do homem e do mundo, apontando, portanto para além da pedagogia, permeando o campo da política, da economia e das ciências sociais.
Concluindo gostaria de afirmar que o exercício de reflexão exercido, buscando compreender e justificar a importância e atualidade de Paulo Freire foi muito gostosa e válida. Dentre outros fatores, compreendi as raízes epistemológicas de seu pensamento, apontou para a necessidade de construção de uma nova práxis nas nossas escolas, sem contar a ressignificação, a motivação na construção da existência humana, fundada em sujeitos livres a partir do paradigma da intersubjetividade, dialogal, como ponto de partida da construção do conhecimento e de um outro mundo.

Referências Bibliográficas:
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
_____. A importância do ato de ler. 45ª ed. São Paulo: Cortez, 2003b.
_____. Educação e Mudança. Trad. Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martin. 3ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
_____. Educação como prática da liberdade. 7ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
_____; NOGUEIRA, Adriano. Que Fazer: Teoria e Prática em educação popular. 3ª ed. Petrópolis: Vozes, 1991.
_____. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000a.
_____. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
_____. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000b.
_____. Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
_____ ; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. Trad. Adriana Lopez. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

Onesio Primo Longhi

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