21 de ago. de 2016

Verdadeiros interesses do país: eleições municipais

Verdadeiros interesses do país: eleições municipais

Quem não gosta de política sempre é dirigido pelos que gostam dela.
Quem acompanha os movimentos da política, depara-se com um dos maiores
dramas dos políticos: a autenticidade. Para se eleger ou para se
manter no poder, os políticos usam estratégias e acordos escusos,
invisíveis e imperceptíveis à maioria dos cidadãos e cidadãs. Por isso
falam o que a maioria gostaria de ouvir e agem como a maioria gostaria
que agissem. Resta saber se há espaço para ser autêntico na política?
Ou: como seria viver autenticamente a política?

Vez por outra, conhecemos alguns aspectos mais verdadeiros dos nossos
políticos. Como nem sempre estão sob o manto dos estrategistas e
assessores, revelam sua natureza própria ao falarem e agirem a partir
de suas convicções e sua personalidade. Revelam-se como
verdadeiramente são. Infelizmente, pesam preconceitos contra aqueles
que, na vida pública, dizem o que pensam e agem a partir de suas
convicções.A política é uma atividade de risco, porque impregnada de
liberdade.

E liberdade sempre é risco. O problema é que, com a profissionalização
da política, esta liberdade é cada vez mais calculada e medida. Por
isso que o maior temor dos políticos quanto à sua autenticidade tem
sido perder votos (quando estão candidatos) ou perder o cargo (quando
ocupam cargos de confiança). E então, sofremos nós porque não
conhecemos quem são os nossos políticos. Frustram-se aqueles políticos
que não conseguem disfarçar o que são e o que pensam. E deste modo,
tomam conta do espaço público a mediocridade e a falsidade, que estão
na origem da descrença e frustração com a política.

Raramente, vemos um político com a grandeza de reconhecer os seus
erros. Os acertos são destacados, os erros são escamoteados. 
Comoesperar autenticidade sem o reconhecimento de erros? 
Como serão autênticos os políticos se não forem capazes de nos revelar os
verdadeiros interesses que os movem?

A arena da política sempre é permeada pela disputa de interesses
coletivos ou pessoais. Como disse o imperador Napoleão Bonaparte,
"todo homem luta com mais bravura por seus interesses do que por seus
direitos". O perigo maior da morte da política ocorre quando ela deixa
de ser espaço autêntico de disputa de idéias e interesses e se torna
lugar de sondagem, de pesquisa de satisfação do eleitor ou do cidadão.
Ocorre que já matamos a política quando achamos que é perder tempo
conversar sobre as questões da coletividade em nossas famílias, em
nossas escolas, em nossos condomínios de prédios, em nossos
sindicatos, clubes ou associações.

As eleições municipais são um grande movimento de mobilização social e
de discussão dos verdadeiros interesses que movem nosso país, a partir
das nossas cidades. Em uma democracia representativa, os mais
preparados são os mais autênticos e mais fiéis a si e aos interesses
que representam. Enganam-se aqueles que tentam enganar a gente.

Nei Alberto Pies, professor, escritor e ativista de direitos humanos.
Mais artigos e crônicas no site www.neipies.com

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