18 de jun. de 2013

De Educação e Formação Continuadas

De educação e formação continuadas

"Se a educação sozinha não transforma o mundo, sem ela, tampouco, a sociedade muda" (Educador Paulo Freire) 

Os gestores da educação possuem grandes desafios para elevar a qualidade da educação básica. Na condição de professor de uma rede municipal e rede estadual de ensino, com modesta experiência de sala de aula, ousamos “palpitar” sobre aspectos que consideramos fundamentais para alavancar uma educação de qualidade. Os desafios para uma boa gestão em educação precisam levar conta aspectos estruturais, funcionais e pedagógicos. Precisam incorporar, sobretudo, a ideia de que a educação está em permanente mudança, por isso exige um grande cuidado com a formação continuada dos profissionais da educação.
Muito se fala e se discute a respeito do papel da educação no desenvolvimento cultural e econômico de uma nação. Se é verdade que a “educação precisa de respostas”, tão verdadeiro é que as mudanças que esperamos a partir da educação não se farão sozinhas. Mudanças de postura, comportamento, inovação e criatividade virão quando forem acompanhadas de outras políticas públicas capazes de elevar a condição social de nossa gente e das condições objetivas para fazermos uma educação de qualidade. Neste sentido, é impossível afirmar de que “tudo passa pela educação”, embora, sem ela, nenhuma mudança terá condições de acontecer. Nenhuma mudança virá abruptamente, por isso mesmo que educação e formação precisam incorporar a ideia da "permanente continuidade", mas sempre em consonância com a realidade objetiva em que vivem as famílias e as crianças, jovens e adolescentes com os quais trabalhamos.
A criatividade, a inovação e a ousadia sempre foram bases para os grandes avanços da humanidade. Mas antes os gestores precisam conhecer e reconhecer a realidade de sua rede de ensino, as expectativas da comunidade e os “pensamentos” que movem os seus professores. Após este reconhecimento, devem traçar metas e “marcas” que desejam imprimir na sua gestão. As marcas gerarão a identidade do trabalho político e pedagógico de cada rede de ensino.
Os aspectos estruturais envolvem o cuidado, a preservação e o “embelezamento físico” dos prédios e salas de aula. Os ambientes escolares precisam uma boa pintura, uma boa organização e distribuição de espaços, um ambiente agradável e aconchegante, um mobiliário bom e adequado. Nossos estudantes merecem e precisam sentir-se bem, e bem acomodados, para o pleno envolvimento com as aprendizagens. Os aspectos funcionais referem-se ao bom e respeitoso tratamento que será dispensado aos funcionários e professores das escolas. O trabalho árduo e cotidiano dos professores precisa ser reconhecido em sua dignidade humana e profissional.
Os aspectos pedagógicos, tão importantes quanto os demais, devem levar em conta a experiência acumulada de cada educandário e de cada professor e professora, apresentando aos mesmos novos desafios para dinamizar as aprendizagens. A formação continuada dos professores precisa ser combinada e dialogada, antes de ser executada, para que ocorra verdadeiro envolvimento. Deve, ainda, produzir a sistematização e discussão das práticas pedagógicas. Esta poderá sim produzir novas posturas e compreensões para intervenção em sala de aula.
As respostas que se espera da educação nunca estarão plenamente definidas. O que sabemos é que a educação que levar em conta os desejos da comunidade, dos professores e dos alunos corre sério risco de colaborar para o aperfeiçoamento de habilidades, atitudes e conhecimentos que farão diferença para o futuro do Brasil. Ademais, nossa educação precisa colaborar para o exercício e a prática da cidadania, esta sim, capaz de operar as grandes mudanças de que o nosso país precisa. Nossas escolas devem ser “o primeiro e maior lugar de vivência de direitos”. Nossas escolas devem ser também permanentes espaços de estudos, debates e discussões com  aqueles e aquelas que ensinam e também aprendem. Os gestores da educação que entenderem isto farão uma grande diferença na educação brasileira.
Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.

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