17 de mai. de 2016

Que sábios nossos jovens!

Que sábios nossos jovens!
Ouvi alguém dizer por aí e resolvi recriar a sua fala. Neste mundo não há nada de tão original, mas a gente está sempre recriando coisas dos outros e coisas da gente. Assim ouvi: "eu penso que hoje as pessoas estão cansando. Estão cansando de ditaduras, de enganação, de falsidade, de promessas fáceis, de corrupção. As pessoas estão cansando de ser manipuladas. E eu acredito muito nisso”. 

Lembrei então de uma das mais sensatas análises que já vi sobre as manifestações dos jovens por decência neste país: "os jovens estão cansados dos entulhos da política”. Concordo que os jovens acordaram novamente seu poder transformador e questionador. Querem renovar o mundo e a política, reinventando o que já ocorria já mais de 2500 anos nas àgoras gregas. Querem ser ouvidos diretamente, sem burocracias que entulham a política e os políticos. Querem democracia participativa e direta. Querem ser ouvidos!” Querem mudar a qualidade social da educação e por isso ocupam escolas públicas para demonstrar sua indignação e sua capacidade criativa de lutar por seus direitos. Querem ocupar espaços que julgam seus.

Pus-me então a pensar que tudo está mesmo na contramão do nosso tempo, que ignorou que temos que conviver e conversar mais para nos entender melhor. Estranhamente, quem denuncia e quer revolucionar nossos tempos é quem já percebeu os limites das liturgias virtuais: os nossos adolescentes e jovens. Pensei então: que sábios! Os mesmos permanecem híper e mega conectados, mas também descobriram que é importante se encontrar, se agrupar, para organizar direitos e imprimir o seu modo de ser.
Estou com eles, pois acredito que ninguém veio ao mundo de passagem. Neste aspecto, tenho grandes concordâncias com nosso maior pedagogo Paulo Freire quando afirmou que ""não viemos ao mundo para ser treinados, fizemo-nos no mundo seres modificadores. A adaptação ao mundo é apenas um momento do processo histórico. Adapto-me hoje, para amanhã, desadaptando-me, corrigir o mundo e inserir-me nele". 
Nei Alberto Pies, professor, escritor e ativista de direitos humanos.

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