8 de set. de 2015

Verdades de uma greve de servidores públicos

Verdades de uma greve de servidores públicos

São muitas as verdades que precisam ser anunciadas:
1. Os funcionários grevistas assumem compromisso ético e político muito sério: a greve não é em causa própria, mas em nome de todos os seus colegas. Por isso mesmo, a greve sempre é sustentada pelos mais coerentes, mais conscientes e mais seguros de si;
2. Críticas sempre são bem-vindas ao movimento, mas somente serão aceitas aquelas que vierem de quem luta. É muita covardia esconder-se atrás de certas críticas para não vir somar-se com a luta;
3. Além de ser um compromisso sério que tem horas e horários definidos, a greve também se faz de alegrias, de encontros, de convivências, de muitas trocas. Uma greve tem certa espiritualidade e se faz com compromissos de quem se soma para lutar. Por isso mesmo que grevistas tem todo direito de rir, de tomar chimarrão, de sentar em rodas, de ouvir músicas, de exibir-se em fotos. Uma luta boa se faz com alegria!
4. Quem luta também educa. Quem educa verdadeiramente, desestabiliza os acomodados. Ao nos organizarmos pacificamente, estamos ensinando ao conjunto da sociedade que é preciso organização quando os direitos são atacados;
5. Jornalistas e parte da imprensa que tentam nos jogar contra a população precisam nos escutar primeiro para entender nossas causas. Não somos, definitivamente, responsáveis pela situação na qual nosso último recurso foi a greve;
 6. Os números de grevistas não são o principal parâmetro para sustentar e legitimar uma greve. O que vale e sustenta as lutas é o que buscaremos numa negociação;
7. Mentes tranquilas, serenas e convictas incomodam os adeptos dos terrorismos, das ameaças, das punições e das simulações que tentam desestabilizar os manifestantes para desmerecer o mérito das lutas;
8. Greve do funcionalismo municipal ou estadual sempre busca aperfeiçoar e aprimorar a qualidade dos serviços públicos. Servidor valorizado cumpre função pública com maior interesse e motivação;
9. O desejo maior de quem está em greve é voltar ao trabalho, pois o local de trabalho é seu lugar de realização e a garantia de seu ganha-pão;
10. Todos os que ousam participar de uma greve, voltam transformados e revigorados para seus locais de trabalho. Aprendem, como ninguém, que não é bom ser escravo e que ser sujeito da sua história sempre tem preço, que sempre vale a pena pagar. Aprendem também que o ombro a ombro, o cara a cara e a solidariedade nos humanizam, transformando-nos em seres humanos melhores.

Nei Alberto Pies, professor, escritor e ativista de direitos humanos.

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