12 de nov. de 2014

Entre a seriedade e a piada

Entre a seriedade e a piada

“As sociedades e seus respectivos governantes que não tiverem clareza do valor da educação e dos educadores comprometem o futuro destas mesmas sociedades” Gabriel Grabowski, professor.
A política é apaixonante porque mexe com nossas vidas. Quem viveu sabe que existem diferentes experiências e formas de governar. Sabe que uma eleição pode decidir uma vida, nossas vidas, o futuro de nossa profissão. É o caso dos professores do Rio Grande do Sul. Os candidatos a governador, neste segundo turno, possuem diferentes visões sobre a educação e a valorização dos professores. Na democracia, temos de usar nossas possibilidades de manifestação, para a defesa dos interesses dos professores, dos estudantes e da comunidade. Professores comprometidos com a sua profissão e com a qualidade da educação não aceitam piadas sobre uma de suas mais recentes e importantes conquistas: o Piso Nacional.
Tarso Genro admite que ainda não paga integralmente o Piso Nacional dos Professores, mas que o fará, no próximo governo, a partir da recomposição de receitas novas: os royalties do petróleo. Porém, concedeu importantes reajustes e fez promoções de professores e funcionários que há muito tempo não vinham sendo pagas. Na lógica da não retirar direitos, não cogitou e nem sinalizou mexer no nosso Plano de Carreira. Voltou a investir com mais vigor na recuperação física de nossas escolas e na informatização das mesmas. Voltou a ter um programa de formação permanente e continuada dos professores. Aderiu a todos os programas federais do Ministério da Educação para somar-se ao esforço nacional de recuperar a escola, pública e de qualidade.
José Ivo Sartori, candidato de oposição revelou, com sinceridade, o que lhe parece ser a única solução para o impasse do pagamento do Piso Nacional dos Professores: mexer com o Plano de Carreira dos Professores. A afirmação foi feita ao CPERS no dia 11 de setembro de 2014. Assim disse: “e só arrumar o dinheiro. Onde é que vai arrumar? Ou temos todos boa vontade ou vamos ficar nesta postura antiga de continuar com o conflito, sem diálogo, sem entendimento, sem aproximação, sem nada”. Suas propostas para a educação têm pouco conteúdo e quase nenhuma forma. Insinuou com “metas de qualidade”, que parecem ser a meritocracia. Falou do ensino de línguas (alemão, italiano, espanhol). A sua proposta inicial era o diálogo com os professores; agora é o deboche e a piada de mau gosto pelo Piso Salarial dos Professores.
Ora, a educação e a valorização de seus profissionais não é uma questão de boa vontade nem a falta de dinheiro é um problema dos professores. Este é um problema do Estado do Rio Grande do Sul. Quem quer governá-lo deve buscar as soluções, sem redução dos direitos e conquistas que estão concretizadas em nosso Plano e que foram alcançadas nas nossas valorosas lutas de magistério. Não há como admitir que mexam em  direitos e conquistas em nome de uma promessa do Piso Nacional do Magistério. Candidatos devem apontar a lógica de preservar direitos e conquistas, não de retrocessos!
Para priorizar a educação é preciso valorizar os professores, a partir da remuneração e da qualificação profissional, sem retroceder nos direitos. O Plano de Carreira é a nossa vida funcional e profissional. Jamais admitiremos retirada de direitos! Este é um dos grandes riscos dos professores e professoras nesta eleição.
Entre a seriedade e a piada pode estar a nossa virtude, já apontada pelos gregos. Sartori conheceu filosofia na sua formação e sabe disso! Parece que está vivendo estimulante prazer ao “desapontar” os valorosos professores e professoras do Rio Grande do Sul. E nós, faremos o que?

Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.

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