9 de set. de 2011

METAMEMORIA - MEMORIAS, TRAVESSIA DE UMA EDUCADORA - MAGDA SOARES


Especialização em Educação Profissional Integrada a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos




        Aluno: Onesio Primo Longhi



RESUMO DO LIVRO:
Metamemória – memórias
Travessia de uma educadora

- MAGDA SOARES -


Ao iniciar a leitura, busquei inicialmente compreender o significado do titulo da obra. Pesquisando, encontrei algumas explicações que sao interessantes, neste processo de busca e aprofundamento. Chamou-me a atenção o titulo. Busquei compreender o significado do termo “Metamemória-memórias” para melhor entender a obra.                                                                                            
O Ser Humano é essencialmente constituido pela e para a busca do conhecimento, considerando também que há varios níveis de conhecimento. Há niveis mais elevados, podemos dizer que um deles é a capacidade da metacognição, que é possibilidade de pensar conscientemente o proprio processo congnitivo.
Diante disso é fundamental compreendermos que podemos e devemos controlar e gerir os próprios processos cognitivos, pois dão a noção da responsabilidade pessoal e coletiva pelo desempenho escolar, gerando confiança nas próprias capacidades e auxiliar os outros a desenvolvê-las. Candau (2001) caracteriza a memória, como uma capacidade neurobiológica complexa. Afirma também que a metamemoria pode ser caracaterizada como o conhecimento que o individuo tem de sua própria memória e de sua dimensão temporal e o que o individuo diz e pensa e articula sobre si mesmo. Para compreender ainda melhor, busquei compreender o termo metacognição. O termo foi utilizado na década de 70, pelo psicólogo John H. Flavell, nos estudos sobre a memória, definido como a auto-regulação de qualquer iniciativa cognitiva (FLAVELL, 1979).
Na introdução já podemos perceber a importancia do genero memorias, na atualidade, e também aparecem algumas características: “Nem autobiografia falsamente literaria, nem confissões inutilmente intimas, nem profissão de fé abstrata, nem tentativa de psicanalise selvagem”. Elaine Marta Teixeira Lopes, apresenta o genero memorias, como genero da Historia, Historia da Educação. Aponta a validade do trabalho por “... ser uma tentativa de laboratorio, ou que os historiadores se fizessem historiadores de si mesmos”.
O livro de Magda foi escrito a partir do desafio a que a autora foi submetida em apresentar um memorial, como requesito de inscrição em concurso para ingresso na Universidade Federal de Minas Gerais. Interessante observar a seguinte afirmação: “... acredito que é pelo presente que se explica o passado...” Esta afirmação é fundamental, pois nos ajuda a nos compreendermos hoje a partir da compreensão do passado. Esse processo é dialetico. Quanto mais compreendermos o hoje, compreenderemos a importância do passado na perspectiva de construção de um presente cada vez melhor. 
O capitulo tambem aponta a importância de partir do presente, compreendê-lo bem para compreender o passado, como fundamento do presente.            
A autora faz uma retrospectiva do seu processo de formação, “produto de uma formação metodista, cuja fundamentação e responsabilidade social do cristão e seu compromisso com a luta contra a injustiça e discriminação sociais”. Filha de professor universitario, sensivel aos problemas sociais, e voltado para as soluções destas situações.
Acredito que este é o fator determinante da historia e vida da autora. Interessante observar que como bem afirma Magda, o memorial só é possivel a quem tem um passado academico para contar. Reforça a concepção de que a integridade histórica de cada Ser Humano se dá a partir de seu proprio contexto. Em outras palavras, a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam.
Outro aspecto que considero fundamental, apontado no livro, é que a mudança de teoria, princípios, paradigmas proporciona a mudança de visão de mundo, e com ela, a mudança do proprio mundo e o modo como encará-lo.
No capitulo quatro, Magda faz uma analise do fato historico e sua relação com o historiador. A autora se faz objeto de estudo, voltando ao passado, consegue percebe-lo, vendo-se nele, não como foi, nem como ela foi, mas perceber-se hoje no passado que foi. Concepção sintetizada no escrito de Eclea Bosi (1979: 17), “lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir , repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiencias do passado”.
A autora seleciona fatos e ideias do passado em funçao dos seus efeitos no presente.
No livro é abordada a questão da ideologia, na perspectiva de pensar o passado e descobrir as percepções e o que estava pensando quando vivia no passado, elevando a experiencia passada à inteligibilidade. Saber que ideias, valores, percepções, concepções dominantes, determinavam em cada momento passado em sua vida. Dentre outros fatores há a identificação de que em sua formação, a enfase foi dada ao individualismo, enfocado no apelo à responsabilidade pessoal e na afirmação da liberdade pessoal.
Outro aspecto identificado é a enfase dada ao êxito, mitificando a questão do trabalho: o êxito de cada um significaria o êxito de toda a sociedade”. Onde a escola também inculcava os princípios da ideologia liberal.
No tocante ainda a questão da ideologia, considerarei e destacarei alguns aspectos que são fundamentais para compreensão da realidade, de maneira mais completa possivel, ou seja, a autora cita Marilena Chaui (1981 : 114-15) “O discurso ideologico é coerente e racional porque entre suas ‘partes’ ou entre suas ‘frases’ há ‘brancos’ ou ‘vazios’ responsáveis pela coerencia. Assim, ela (a ideologia) é coerente não apesar das lacunas, mas por causa ou graças às lacunas. Ela é coerente com ciencia, como moral, como tecnologia, como filosofia, como religião, como pedagogia, como explicação e como ação apenas porque não diz tudo e não pode dizer tudo. Se dissesse tudo, se quebraria por dentro”.
Fazendo uma analise critica, ou quem sabe a metamemória, a autora se questiona: “Que sabia eu, então de ideologia liberal, de pragmatismo, de escola nova?”.
A autora relata em sua analise que “Lia, escrevia e tambem agia dominada pela ideologia liberal-pragmatista e pelos principios da Escola Nova...”.
Interessante apontar que devemos fazer, apesar de tudo, a critica da ideologia, ou seja, tentar dizer tudo e quebrar por dentro a ideologia. Penso que a “metamemoria”, repito, pode nos ajudar a compreender melhor esta realidade e a partir disso, começar um processo de transformação coerente, seguro, desafiador.
Eu diria que se conseguirmos unir, como proposta metodológica, a critica da ideologia e a metamemória, estaremos apontando para um processo educacional, que proporcionará o desenvolvimento integral do Ser Humano.
O aspecto da mistificação pedagogica vivenciada pelos alunos e professores, onde uns obtinham sucesso, outros fracassavam, e tudo se explicava exclusivamente pelas diferenças de “dom ou aptidão”; onde, afirma a autora, todos aceitavam tranquilamente as desigualdades a qual era atribuido um  valor positivo. Pergunto-me: Será que hoje não acontece algo parecido?
Diante disso, o que podemos e devemos fazer? Será que uma proposta como a metamemoria não ajudaria a melhorar o processo educativo?
A nossa vida, as trajetórias educacionais, emocionais sofrem cortes bruscos.
Foi o que aconteceu com Magda, ao lhe chegar em suas mãos livros com o pensamento de Theodore Bromeld, que exerceram influencia muito grande. Bromeld a fez compreender que o objetivo da educação é transformar a sociedade e o papel da Escola é promover a mudança social.
Importante observar o que a autora considera essencial para tornar possivel a compreensão das historias de cada um. Inicia afirmando: ”Enumero essas leituras porque acredito que a historia de uma vida academica e das ideologias que a foram informando se faz pela historia do que se leu, ao lado da historia do que se escreveu e da historia do que se ensinou.}” (pag. 70).
Transcrevo outra citação, que considero fundamental no processo de construção e de desenvolvimento pessoal: “Quanto mais perfeitos as mensagens, mais perfeito a construção do outro, mais perfeito a construção do eu e, portanto, mais perfeita a construção do mundo” (pag. 72).
A autora nos ajuda a compreender os processos de mutação pelos quais passam os seres humanos, que é fundamental compreender: a mudança de concepção do universo leva-nos a mudar o nosso relacionamento com o mundo, mudando com isso a nossa visão de futuro da Humanidade.
Diante das dificuldades, das crises surge o questionamento: Qual o papel da educação, do educador? O aspecto principal da Educação é fazer que o ser humano se aproprie do seu contexto historico, levando à tomada de consciência critica, resistindo à massificação e imposição, tornando-o lucido para refletir a sua propria condição.
O livro de Magda Soares se trata de uma narrativa autobiográfica, que nos possibilita refletir e compreender a trajetória da autoria, mas também possibilitar que outros sujeitos façam esse mesmo exercício. Retomando o passado em suas mãos, onde as experiências possibilitam não só que o próprio sujeito da trajetória aprenda, mas que também os outros que tem a possibilidade de ter contato com ela possam fazer uma reflexão no sentido de aprender mais e contribuir para a própria vivência e para a vivência em comunidade.
Como encerramento do trabalho, considerarei dois aspectos o que a autora aponta ou que aparecem em seu livro, que para mim são fundamentais. Iniciarei apontando o que aparece nas considerações finais, “À guisa de explicação, de novo: sem mistificação?”, onde o processo de desmistificação da Escola é fundamental.
Para ajudar esta compreensão, transcreverei duas idéias básicas, que Magda trabalha de forma muito interessante em seu livro.
Iniciarei pelo que ela considera, a partir da metamemoria. “A diferença fundamental é que eu não via o que era, via o que devia ser – quando sonhava com a educação para uma sociedade democrática, ou com a educação para a mudança social, ou com a educação para o desenvolvimento... hoje sei que o ‘caminho é de pedra’, mas sei, também,que ‘não quero parar’...” (pág. 115). E para fechar com chave de ouro, no inicio do capitulo seis, “Igualdade para desiguais” em sua abertura aparece a citação de Mário Quintana: “Democracia? É dar, a todos, o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um.” (pág. 51).
Foram fundamentais as reflexões realizadas, que possibilitaram compreender melhor a importância do processo de formação, educação e de modo especial em desafiar-se e desafiar para formar sujeitos conscientes de sua historia, capacitados, e que busquem construir uma Nova Sociedade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SOARES, Magda. Metamemória-memórias: travessia de uma educadora. São
Paulo: Cortez, 2001.

FLAVELL,  John;  MILLER,  Patrícia;  MILLER,  Scott.  Desenvolvimento  cognitivo.  Porto  Alegre:  Artes  Médicas Sul, 1999. 3 ed.
______, John  H.  Metacognition  and  cognitive  monitoring:  a  new  area  of  cognitive  developmental  inquiry. American Psychologist. vol. 34, n. 10, p. 906-911, 1979.
MATLIN, Margaret W. Psicologia Cognitiva. RJ: LTC Livros Técnicos e Científicos. Editora S.A., 2004. 5ª  ed.  
CANDAU, Joel. Memoria e identidad. Buenos Aires, Del sol, 2001.

5 comentários:

  1. PERFEITO SEU TEXTO, NO ENTANTO, ELE NÃO É E NEM NUNCA SERÁ UMA RESUMO DO LIVRO DE MAGDA SOARES. SEU TEXTO É PREDOMINANTE MENTE UMA RESENHA CRÍTICA ANALÍTICA!!
    QUEM CONCORDA AE LEVANTA O BRAÇO !!!

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  2. Olá preciso desse livro Metamemória-memórias: travessia de uma educadora. Mas até agora nada...............

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  3. Como faço para adquirir o livro em PDF? Preciso com urgência.

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  4. Bom dia!
    Também estou precisando desse livro(Metamemória-memórias: travessia de uma educadora). Alguém tem em pdf?

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  5. Também estou precisando do PDF desse livro urgente. Não encontro em nenhuma livraria para comprar. Só online.

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